A Criptoméria

A madeira de criptoméria (Cryptomeria japonica), muitas vezes chamada de "sugi" no Japão, é altamente valorizada pelas suas características e pode ter várias aplicações.

Estes são alguns dos aspetos importantes da madeira de criptoméria:

Leveza: A madeira de criptoméria é conhecida pela sua leveza, tornando-a fácil de trabalhar e manusear. Isso torna-a adequada para várias aplicações, especialmente quando o peso é um fator importante.

Resistência: Apesar de ser leve, esta madeira é surpreendentemente resistente e durável. Ela é naturalmente resistente ao apodrecimento e ao ataque de insetos, tornando-a uma escolha popular para aplicações em ambientes húmidos.

Aroma Agradável: A madeira de criptoméria tem um aroma agradável, o que faz com que seja uma madeira admirada para a fabrico de móveis e revestimentos internos. Esse aroma suave é muitas vezes descrito como relaxante.

Coloração: Possui uma coloração que varia de um tom claro a rosado a um castanho mais escuro, com veios geralmente retos e uniformes.

Usos Tradicionais: No Japão, a madeira de criptoméria tem sido usada tradicionalmente na construção de templos, santuários e casas de chá. Também é usada para fabricar móveis, painéis de madeira, painéis decorativos e outros produtos de carpintaria.

Uso na Construção Civil: Fora do Japão, a madeira de criptoméria é utilizada em construção civil, especialmente para fazer partes de casas, como estruturas de telhados e pisos. A sua leveza e durabilidade são vantagens nessas aplicações.

Papel e Papelão: A madeira de criptoméria é usada na fabricação de papel e papelão devido à sua fibra longa e forte.

Artesanato: Também é apreciada por artesãos que a esculpem em objetos decorativos e de arte.

Reflorestamento: A criptoméria é frequentemente cultivada em plantações florestais para a produção sustentável de madeira. A sua rápida taxa de crescimento torna-a numa escolha económica para reflorestamento.

É importante notar que a madeira de criptoméria é considerada uma das madeiras mais importantes e valiosas do Japão. A sua combinação de leveza, resistência e aparência faz com que seja um recurso valioso tanto para aplicações práticas quanto para a indústria de madeira e carpintaria. Além disso, o uso tradicional da madeira de criptoméria em edifícios religiosos e culturais torna-a uma parte importante da cultura japonesa.

A criptoméria (Cryptomeria japonica) é uma árvore que é ocasionalmente cultivada em Portugal, especialmente em áreas com um clima adequado para o seu crescimento. Ela é principalmente utilizada com propósitos ornamentais e paisagísticos, devido à sua aparência imponente e ao crescimento rápido.

As utilizações mais comuns da criptoméria em Portugal:

Jardins e Parques Públicos: A criptoméria é frequentemente plantada em jardins botânicos, parques públicos e espaços verdes em áreas urbanas de Portugal. Fornece sombra, cobertura visual e dá um toque exótico ao ambiente.

Propriedades Privadas: Algumas propriedades privadas, como quintais e jardins de residências particulares, podem ter criptomérias plantadas por razões estéticas.

Arborização Urbana: Em algumas cidades e vilas, a criptoméria é usada na arborização urbana para fornecer sombra e embelezar as áreas urbanas.

Madeira: Embora não seja o principal motivo para o seu cultivo em Portugal, a madeira de criptoméria também pode ser usada em projetos de carpintaria e construção. A madeira é leve, resistente e tem um aroma agradável, como referido anteriormente.

Educação e Pesquisa: Criptomérias também podem ser plantadas em instituições educacionais e centros de pesquisa para fins de estudo e de pesquisa botânica.

É importante mencionar que a criptoméria não é uma espécie invasora em Portugal, e o seu cultivo é geralmente controlado para evitar impactos negativos no ambiente local. Não é uma parte natural do ecossistema português e, portanto, é cultivada de forma limitada em áreas específicas onde o seu crescimento é adequado.

Além disso, a criptoméria é uma árvore que se pode adaptar a diferentes condições climáticas, o que a torna adequada para várias regiões de Portugal. No entanto, o ­­seu uso é principalmente ornamental e paisagístico, acrescentando valor estético a áreas urbanas e espaços verdes.

Criptoméria nos Açores

A criptoméria foi introduzida nos territórios portugueses durante o século XIX. Chegou à ilha de São Miguel como árvore ornamental e com o objetivo de produzir madeira.

No passado, a falta de ordenamento e de gestão florestal levou à sobre-exploração e à diminuição da área florestal nos Açores: em 1951, a floresta chegou a representar menos de 6% da área das ilhas. Desde então, os Serviços Florestais impulsionaram o repovoamento e arborização de baldios com foco na criptoméria. Hoje, a floresta açoriana é bastante mais extensa e a criptoméria representa cerca de 60% das áreas florestais geridas para produção de madeira.

É considerada a espécie florestal mais importante do arquipélago dos Açores, não só pela sua área e importância económica, mas por ser também um elemento estrutural da paisagem, pelo seu valor ecológico no suporte de fauna e flora e pelo seu contributo para a fixação de carbono, entre outros serviços do ecossistema.

Está presente nas nove ilhas do arquipélago, mas com maior representatividade em São Miguel, com cerca de 35% da área florestal, e depois na Terceira e no Faial, onde representa, respetivamente cerca de 20% e de 15% da floresta.

Apesar da adaptação ao clima açoriano e da sua capacidade de frutificação, as sementes têm baixa capacidade de germinação, principalmente por não terem a luz de que necessitam. Isto acontece, entre outros fatores, pela competição que existe com plantas invasoras como a conteira (Hedychium gardneranum), a silva (Rubus inermis), a acácia (Acacia melanoxylon) e o incenso (Pittosporum undulatum), que germinam muito mais rapidamente que a criptoméria, criando sombra sobre as suas sementes. Assim, só se conseguem manter os povoamentos de criptoméria com recurso à plantação (dado o insucesso da regeneração natural).

Sabia que…

  • Nos seus territórios originais, a criptoméria é uma espécie classificada como Quase Ameaçada. Embora não existam riscos de extinção, se não forem tomadas medidas de conservação, podem passar a existir.
  • O nome do género, Cryptomeria, deriva das palavras gregas “kryptós” que significa escondido, e “mereía” que significa parte, numa referência às estruturas produtoras de pólen que estão “escondidas” dentro dos cones de flores masculinas;
  • Na história japonesa, a madeira da criptoméria foi muito valorizada durante o Período Edo (1600 a 1868) por ser bastante impermeável, consequência da grande quantidade de resina nos tecidos, sendo esta uma das razões pela qual foi usada para a construção, principalmente de templos.
  • Desde 1993 que a ilha japonesa Yakushima, onde se situa o parque nacional de Yakushima, é considerada património mundial da UNESCO, por ter uma diversidade significativa de espécies de plantas e albergar criptomérias antigas, algumas com mais de mil anos de idade. As criptomérias mais antigas são chamadas de Yakusugi, enquanto as mais novas tomam o nome de Kosugi – cedros jovens.



    Colmeia em criptoméria.